Como o canto pode ser uma ferramenta no tratamento da ansiedade
- Júlia Rittner
- 9 de jun. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de out. de 2022

Um dos sintomas mais comuns da ansiedade descontrolada é a hipervigilância. Esse é um desequilíbrio que acontece na via da autorregulação da atenção, responsável por manter a atenção sustentada (concentração) e inibir ou permitir a troca de atenção (distração ou mudança de foco).
Na hipervigilância, seu cérebro fica constantemente tentando prever possíveis ameaças ou estímulos negativos, mesmo quando eles não existem. Há uma falha em inibir a troca de atenção. Daí vem os pensamentos intrusivos e tudo o mais!
Os pensamentos não param de chegar, e normalmente não são positivos.
O Brasil é o 2º país mais ansioso do mundo (2017) e nem todos se adaptam aos psicofármacos e psicoterapia, além de ser necessário um tratamento preventivo, uma vez que há prejuízos mesmo antes de atender a critérios diagnósticos. Com essa necessidade, as Práticas Integrativas e Complementares (PICs) estão sendo cada vez mais abordadas, entre elas, destaca-se a relevância das Terapias Baseadas em Mindulness (TBMs) para a ansiedade e promoção à saúde.
Assim como o mindfulness, a música também ativa áreas cerebrais relacionadas à atenção, há indícios de que talvez seja até o mesmo circuito, por isso, associá-los poderia ser ainda mais benéfico na melhora dos sintomas ansiosos.

Quando praticamos o canto de forma consciente (mindful), com atenção focada em como o som está sendo reproduzido dentro do nosso corpo, por exemplo, estamos fortalecendo a atenção sustentada e controlando a troca de atenção para nos concentrar. Ou seja, estamos treinando a autorregulação da atenção para nos obedecer e não deixar qualquer pensamento entrar, só aqueles que escolhemos.
Além disso, a música envolve diversas outras regiões cerebrais, memória, processamento motor, emocional (estudos dizem que a principal função de ouvir música seria a de regulação emocional) e muitas outras.
Os resultados e o desenvolvimento dessas habilidades são influenciados pelo treinamento musical e sua duração, preferências individuais, familiaridade, contexto cultural, envolvimento emocional e seu repertório biológico.
Não é à toa que todos sabem que “quem canta, seus males espanta”!
Na prática o canto é capaz de integrar todos esses atributos de forma a trazer benefícios que vão muito além de apenas controlar os pensamentos invasivos, promovendo a saúde mental como um todo, até mesmo de forma preventiva aumentando a qualidade de vida.
FONTE:
Pearce, M., & Rohrmeier, M. (2012). Music cognition and the cognitive sciences. Topics in Cognitive Science, 4(4), 468–484.
Rittner, J. S. (2021) A música e atenção plena: Uma combinação terapêutica para controle da ansiedade. Não publicado. UNIFESP, Santos, São Paulo.
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